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terça-feira, 8 de agosto de 2023

O Deus do Antigo Testamento e o Deus do Novo Testamento

Reconheço que esse assunto pode ser bem complicado de entender. Eu mesma já me vi muitas vezes pensando a respeito mas sem chegar a conclusão alguma. 

Hoje, lendo o Antigo Testamento, creio que consegui - com a graça de Deus - entender isso melhor. A questão agora me parece bem clara. Espero que passe a ser clara para você também, embora eu saiba que esses entendimentos são muito íntimos, acontecem no recôndito das nossas mentes.  O processo é muito particular. 

Para melhor explanar a questão vou tratá-la na forma de perguntas e respostas, afinal não é assim que a nossa argumentação interior funciona?   

Não posso afirmar que as argumentações abaixo  tenham a mesma significância que tiveram para mim, mas vou tentar repassar a minha maneira de perceber  o que seriam "os motivos de Deus para agir de forma tão diversa através dos tempos."  Vejamos:

a- Em primeiro lugar: Deus não mudou, de forma alguma.

b -   Pra mim parece que mudou sim. As "atitudes" de Deus no Antigo e no Novo Testamento são muito diferentes!

a - As diferenças eram no agir, não na personalidade de Deus.   Tudo foi motivado por PROPÓSITOS diferentes, não por personalidades diferentes. Deus não se tornou "mais bonzinho" no Novo Testamento e não era mais severo no Antigo. Tudo sempre dependeu do PROPÓSITO de Deus para aquela época. Tudo sempre dependeu da decisão Deus se tornar "mais presente" ou "menos presente". É questão de intensidade: a INTENSIDADE DA PROXIMIDADE que Deus escolheu para lidar com o povo em determinada época.

b- Como assim?  Deus não está em todos os lugares ao mesmo tempo? Essa conversa está muito estranha. Deus está em todos os lugares!

a-   Não é exatamente assim.  Não é que "Deus está em todos os lugares".  O mais correto é pensar que  "todos os lugares estão em Deus".     Observe que não é a mesma coisa.   Entenda: tudo está "mergulhado" em Deus pois Deus é infinito e seu poder alcança tudo e move tudo. Só que ele não "se faz presente" em todos os lugares da mesma forma nem na mesma intensidade. 

b-  Onde você viu isso na Bíblia?

a-  De certa forma Deus está em todos os lugares sim, mas veja:    quando ele falou com Moisés do meio da sarça ardente ele disse para Moisés tirar as sandálias dos pés porque aquele lugar era terra santa. Ora, Deus não está em todos os lugares? Por que então só aquele lugar específico seria terra santa? Porque ali Deus estava se manifestando com "maior presença", maior intensidade.  Nós, os humanos, não temos esse poder: ou estamos em um lugar ou não estamos. Mas Deus pode, de forma genérica, "estar em todos os lugares" mas mesmo assim" se fazer "mais presente"  aqui ou acolá, onde ele escolher.   Deus "está em todo lugar" mas no tabernáculo, no Santo dos Santos, ele estava "mais intensamente presente", assim como no monte Sinai, que chegou a fumegar.   Porque será que o mundo todo não fumega como o Sinai? Deus não está em todos os lugares?    Ora, se em algum lugar Deus se revela mais intensamente, aquele lugar é especialmente santo em relação aos demais e se torna, pelo menos temporariamente, diferente de todos os outros lugares do mundo. Isso é um fato.

b- E o que isso tem a ver com o Deus do Antigo e o do Novo Testamente?

a- Tem tudo a ver. No Antigo Testamento Deus tinha um propósito muito claro e importante: fundar uma nação para através dela trazer o Messias ao mundo. Era um propósito de salvação. Então ele precisou se fazer mais presente no meio daquele povo, se manifestar mais, educar, orientar, dar regras claras. Quando Jesus viesse ao mundo era necessário que viesse de um povo que não estivesse com seu DNA corrompido (ou "alterado")  através de doenças provenientes de incestos, de doenças advindas da má alimentação, da falta de higiene, do sexo com animais ou com seres deformados (os gigantes da época)   etc.  Era importante que  a nação não tivesse a "linhagem da alma" comprometida com a adoração a demônios, com o sacrifício de crianças etc.  Tudo isso compromete a formação de um povo.   Deus  estava "preparando o caminho do Senhor", então forçosamente teve que se fazer "mais presente", de forma mais inequívoca, marcante e até mesmo chocante para o povo de Israel naquela época. O povo tinha que ser convencido a obedecer, pois não havia como explicar naquele tempo nada a respeito de bactérias, dna, herança genética, etc.  

b- Sim, então ele se fazia mais presente. E daí?

a - E daí que isso é bom e ruim ao mesmo tempo.

b - Bom e ruim? Eu queria que Deus sempre estivesse presente comigo todos os dias como esteve com aquele povo!

a - Tem certeza?

b- Tenho!

a-  Deus é santo e não tolera o pecado.  Se ele se manifestasse de forma tão intensa agora quanto fez naquele tempo , talvez você já tivesse sido eliminado.   

b-  Mas eles foram eliminados por causa do pecado, da teimosia e da reclamação!

a-    E você jura que você é mais santo do que aquele povo?  Você se acha diferente deles?

b-   Bem, é verdade que não sou mais santo do que eles, mas Deus me trata de forma diferente.  Não fui fulminado por causa dos meus pecados. Por quê?

a-  Porque Deus não precisa agir agora como agiu naquela época. Não é necessário. Não porque sejamos mais santos do que aquelas pessoas. Não é necessário porque não há mais a mesma finalidade. Só isso.

b- Finalidade? Qual finalidade? A ideia não era punir os pecadores?

a- Não exatamente. A ideia era apenas a seguinte:   Quem está muito perto do fogo acaba se queimando.  Naquela época Deus precisou "chegar mais perto". Só isso.  Aí deu no que deu.

b- E agora ele não está conosco?

a- Está sim, mas ele limita a sua ação para não nos destruir.  Se o sol se aproximar um pouco mais de nós, não seria complicado?  Veja: nós não somos melhores nem piores do que o povo hebreu. Apenas Deus agia de forma mais próxima e intensa porque havia uma necessidade para isso: ele estava formando uma nação, formando mentes, imprimindo suas leis no emocional das pessoas, separando aquelas pessoas das outras nações pagãs.   Foi necessário uma proximidade maior mas uma proximidade maior tem suas consequências!  A palha, se chegar muito perto do fogo, pode ser consumida!   Em Hebreus 12:29 está escrito que "o nosso Deus é fogo consumidor". Ele não deixou de ser fogo consumidor, apenas diminui o impacto da sua presença. Isso impede que sejamos destruídos.  Se o "Sol" (Deus) não chega mais perto, como no passado, é porque não há um propósito hoje para isso.    Quando ele se manifesta é por amor, para fazer algo grande. E quando ele não se manifesta, pode ter certeza de que também é por amor.  Ele não quer nos destruir.  

b-  Não havia outra forma de Deus conduzir aquele povo sem destrui-los?  Se Deus é amor ter agido de outra forma. 

a-   Ele até tentou mudar, mas Moises pediu que ele continuasse.

b-   Sério? Como assim?

a-  Deus disse a Moisés que não iria mais seguir junto com o povo de forma tão próxima. Disse que um anjo iria guiando o povo e que ele havia decidido isso porque o povo tinha um coração muito duro e se sua presença continuasse na mesma intensidade ele iria acabar destruindo todo mundo. 

b- E o que foi que Moisés disse? 

a-  Moisés não aceitou. Orou e implorou dizendo que se o Senhor não fosse com o povo então era mehor eles nem saírem do lugar.  Moisés não queria anjo nenhum, queria o próprio Deus todo poderoso ("se tu mesmo não fores conosco então  nem nos faça continuar a viagem").     Então Deus atendeu a oração de Moisés mas o  resultado é que no final das contas nem o próprio Moisés entrou na terra prometida!  Devemos pensar mil vezes antes de insistir com Deus em algum pedido. Se ele diz não é porque é para o nosso bem.  Melhor acreditar que toda a decisão dele é para o nosso bem. 

b- Então permanece a pergunta: por que Deus não nos destrói também como destruiu aquele povo no deserto?  Ou Deus só tinha planos especiais naquela época?

a-  No Novo Testamento vemos que Deus tinha planos especiais também: o  NASCIMENTO DA IGREJA DE CRISTO.   Então naquela ocasião da igreja primitiva também vemos alguns exemplos do agir de Deus à semelhança do Antigo Testamento: lembre do caso de Ananias e Safira. Eles não foram sinceros, então foram fulminados. Houve também o caso de Herodes, que morreu comido de bichos porque não deu glórias a Deus (Atos 12:22).

b-  É verdade...   Bem, no passado Deus estava formando a nação judaica para ser o berço do Messias. Mas e agora, no caso de Ananias e Safira? E por  que Deus não faz mais isso hoje?

a-   A partir de Cristo, Deus agiu novamente mais claramente. Isso porque dessa vez estava formando a IGREJA.   Era também uma situação muito especial. Mas veja: o poder demonstrado no tempo de Moisés nunca mais aconteceu novamente. E o poder demonstrado em Atos dos Apóstolos, início da igreja, também nunca mais se repetiu.   

b- Então parou tudo?

a- Não!  Milagres continuam acontecendo mas nunca mais foi na mesma frequência nem de formas tão chocantes.   A voz de Deus é tão poderosa que no passado o povo implorou para Deus parar de falar! E pediram para Moisés encarar sozinho a situação. E chegou um momento que até mesmo Moisés estava morrendo de medo! (Hebreus 12: 18-21).  O ser humano não aguenta isso o tempo todo com esse corpo mortal.

b- Mas seria tão bom se Deus continuasse a se manifestar daquele jeito!

a-   A imagem do monte fumegando e tremendo pode até te parecer linda hoje mas tem o outro lado da moeda: Deus é santo e quanto mais ele estiver perto, menos as nossas "pequenas iniquidades"  ficarão sem troco imediato.  Como já foi dito, palha perto do fogo é logo consumida.  A quem muito é dado, muito lhe será requerido. 

b- Mas eu queria tentar encarar essa situação gloriosa!

a- Os discípulos viram o poder de Deus de uma forma "assustadora" mas isso abala a "ordem natural das coisas".  O nosso mundo natural foi feito com leis naturais sábias e ele é programado para funcionar dentro dessa leis.   Deus só quebra essa sequência de leis naturais com um motivo muito específico. Ele não faz nada para simplesmente nos entreter.  Ele não dá "show de poder" só para a Igreja vibrar e gritar glória a Deus. 

b- Então Deus seguiu ou não seguiu com os hebreus? E segue ou não segue com a Igreja hoje?

a-  Ele continua conosco sempre!   O Senhor nunca abandonou o seu povo! Ele apenas "dosa" a intensidade da sua presença por amor de nós.  Se não fosse assim, todos já teríamos sido consumidos.

b- Será que nunca mais Deus vai agir como no Êxodo ou como em Atos? 

a- É bem possível que sim. Se observarmos o que o Apocalipse diz sobre As Duas Testemunhas, vemos que os tempos do fim serão tempos também muito especiais quando, por um período,  Deus deverá voltar a agir de forma mais clara e severa.  

b-  Acho que se eu visse mais milagres eu seria mais fiel e espiritual! Se todos vissem mais milagres haveria mais conversão.

a-   Isso me lembra a parábola do rico e do Lázaro. O rico, condenado, pediu que Deus enviasse alguém que já morreu para tentar convencer seus familiares de que deveriam se arrepender e crer em Deus. Aí foi-lhe dito que "se eles não acreditam em Moisés nem nos profetas, também não vão acreditar em ninguém, ainda que essa pessoa ressuscite dos mortos."  Ou seja: o rico pediu um milagre, uma intervenção sobrenatural no mundo natural, mas não foi atendido porque isso, por si só, gera espanto mas não gera arrependimento.  Ninguém viu mais milagres do que o povo de Israel e mesmo assim eles provocaram a ira de Deus inúmeras vezes. Milagre, em si, não opera transformação. Faraó viu milagres e nem assim se converteu. Vários milagres foram feitos na época de Jesus e mesmo assim ele foi crucificado. Fariseus viram milagres mas saíram dizendo que Jesus  fazia tudo aquilo pelo poder de Belzebu.  

b- Mas eu queria ver o que o Apóstolo Paulo viu e queria fazer os milagres que os discípulos fizeram.

a- Eu também queria, mas...

b- "Mas" o quê?

a- Toda moeda tem dois lados. Você quer sinais e maravilhas. Ok. Mas para isso também precisa beber do mesmo cálice que eles beberam.

b- Qual cálice?

a- Perseguição, açoites, sofrimento, prisão, mortes, martírio...

b-  Não acredito que Deus "cobre" as pessoas  dessa forma!

a- Não é cobrança!!!!!    O que esses heróis do passado receberam foi com a finalidade de receber força para aguentar o que aguentaram. Era a necessidade do momento!   Nós não estamos tendo as mesma lutas que eles tiveram, então por que precisaríamos das mesmas armas e do mesmo reforço?  O que Deus tem nos dado hoje é suficiente para nos manter de pé hoje. Se precisarmos de mais, ele nos dará mais, mas só na hora certa.  Ele deu aquele poder aos discípulos com uma finalidade. E a finalidade era dar a eles FORÇA, RESISTÊNCIA e CORAGEM para TESTEMUNHAR e MORRER sem negar ao Senhor.  Ele não deu tudo aquilo porque os discípulos eram bonzinhos ou eram melhores do que nós. Ele deu para que eles aguentassem tudo o que aguentaram na formação da Igreja.  Havia uma finalidade!  Não era um prêmio! Eram ferramentas, armas de guerra!

b- E se nós viermos a passar pelas mesmas situações dos discípulos?

a- Deus jamais nos abandonará. Tenho certeza de que ele nos dará a mesma graça para resistir. 

b- E você acha que "os últimos dias da Igreja na Terra" são tão relevantes quanto a criação da nação judaica ou a criação da igreja?   Será que Deus vai se revelar com o mesmo poder e consequente severidade?

a- Isso eu não sei dizer, mas desconfio que a resposta seja SIM. O importante é ter em mente o seguinte:  Deus só age com propósitos. 

-  Se houver PROPÓSITO DIVINO a gente vai ver Deus agir da mesma maneira que ele agiu no deserto e em Atos. Ele jamais mudou e jamais mudará. 

- Quanto mais Deus se faz presente, mais o terreno em que ele está será santo.  Deus não suporta o pecado.

- Jesus disse certa vez que "vós não sabeis o que pedis".  Queremos o mesmo poder dos profetas mas não queremos beber do mesmo cálice que eles beberam.  A quem muito se dá, muito lhe será requerido e haverá "mais duro juízo"  para quem mais recebeu(Tiago 3:1).       Moisés não entrou na terra prometida por causa de um "pecadinho". Por que será que Deus tratou o "pecadinho" dele de forma tão mais severa?  Porque Moisés falou com Deus face a face e viu o que nenhum de nós jamais viu. Então o Senhor cobrou dele muito mais.  Pensemos nisso.

Deus não amava os apóstolos e profetas mais do que nos ama. Às vezes parece que sim, pois parece que Deus deu mais a eles do que parece dar a nós (em matéria de poder e milagres).  Podemos pensar "poxa, por que Deus amava mais Moises, Elias, Abraão, Paulo?"   Mas considere o seguinte:   Da mesma forma,  se os apóstolos e profetas pudessem nos ver hoje, eles também poderiam questionar "por que Deus deu a esse povo uma vida tão mansa e deu a nós uma vida tão difícil e cheia de perseguições?"  Paulo poderia perguntar "será que Deus ama mais a igreja do século XXI do que igreja do primeiro século? Será que eles são mais santos e obedientes e por isso tem uma vida mais tranquila? O que será que eu fiz de errado para ficar só com a parte difícil?"

Na parábola dos talentos vemos que os talentos foram distribuídos segundo a CAPACIDADE  de cada um.  Não invejemos nem a cruz nem os talentos dos profetas ou dos apóstolos. O que temos é o que Deus sabe que podemos e precisamos carregar no tempo que se chama HOJE.





quinta-feira, 11 de maio de 2023

João 3:7

Hoje ouvi um pregador que falava, entre outras coisas, sobre a necessidade de  "pararmos de olhar para o retrovisor da vida com o espelho grande".  Ele dizia que precisávamos parar de viver eternamente lamentando o passado e  limitando as próprias esperanças pela medida do que já passou. 

Enquanto ele falava me ocorreu que a frase "importa-vos nascer de novo" pode ganhar aqui uma nova aplicação. Não uma nova interpretação, pois já é suficiente a que claramente se revela por si mesma, que fala da conversão. Mas  me veio à mente que "nascer de novo" poderia também ser aplicado à necessidade de "zerarmos a vida", aceitar que tal coisa passou e não permitir que nenhuma dor seja eterna.     Deixar tudo para trás é uma decisão forte, relevante. 

Não são só os nossos pecados que nos paralisam e nos tiram a coragem de andar de cabeça erguida. Há também decepções, lembranças dolorosas e paralisantes.   

Toda impressão de que "não vou conseguir" ou "não vai dar certo"  vem de alguma experiência negativa do passado.  

Claro que esse é um exercício emocional. Ninguém apaga o passado, até porque somos fruto de tudo o que nos aconteceu. Se pudéssemos REALMENTE  apagar o passado, nem sei no que nos transformaríamos. Mas mesmo assim esse exercício de "recomeçar o jogo do zero" é necessário e se assemelha mesmo a um renascer.

Costumamos aplicar esse versículo aos não convertidos até porque o Senhor já disse que "dos teus pecados não me lembrarei mais".  Mas o que eu digo agora diz respeito não a Deus, que já nos abençoou, mas diz respeito apenas a nós mesmos, a uma cura emocional necessária para seguirmos adiante.

Nascer de novo, nesse sentido, é "atrofiar o passado" e  "tirar o seu ferrão".  Jesus já fez isso na cruz. A questão espiritual já foi resolvida por ele. Agora cabe a nós trabalharmos isso no terreno emocional.