Pesquisar neste blog

.

.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A cara das coisas


Será que de vez em quando fazemos uma revisão no "acervo" da nossa alma? Ou existem muitos sentimentos, impressões, planos e fantasias empoeiradas que jamais questionamos?

Se alguém tem dúvida sobre a verdadeira natureza do que guarda dentro de sim, se  aquilo pertence ou não ao reino da luz, a Bíblia propõe um teste interessante:

"E quando qualquer coisa é trazida para a luz, então a sua verdadeira natureza é revelada."  Efésios 5:13

Pensando bem, proponho que esse teste não seja feito apenas quando estamos em dúvida, mas sempre:

O que eu acho melhor não trazer para a luz? Quais meus pensamentos que não devem ser publicados nas redes sociais? Quais as minhas inclinações que não devem ser conhecidas pelos amigos e pelas pessoas que admiro? Que tipo de comentário só posso fazer para um grupo muito seleto de pessoas, para não "queimar meu filme"?

A Bíblia diz que tudo o que se revela é luz. Claro, porque as coisas boas nós temos orgulho e alegria de mostrar. Elas fazem muito bem à nossa imagem. Por outro lado se eu não me sinto a vontade para revelar, pode ser que eu esteja acalentando trevas dentro de mim.

Isso tudo parece muito obvio mas não é. Muitas coisas guardamos dentro de nós mas dizemos para nós mesmos que não há nada de errado com elas. Guardamos porque queremos, mas não seriam necessariamente erradas. Acontece que enquanto estão guardadas, nem nós mesmos atentamos para a sua verdadeira natureza. Até nós somos capazes de nos enganar.

"Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas."  João 3:20

É um caso a pensar...



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O marketing "santo"

Não vejo com simpatia o uso da caridade como tática para conseguir novos adeptos.

Não lembro de Jesus ensinando aos seus discípulos nenhuma "tatica" para encher templos ou angariar adeptos.  Ele não deu dicas nesse sentido. Ele apenas amou e nos orientou a amar. E disse que se nos amássemos sinceramente todos saberiam que somos discípulos dele. E só.

Nós não sabemos amar. Precisamos aprender. Para isso temos que nos envolver profundamente com o próprio Cristo e precisamos também nos exercitar no bem. Esse exercício diário faz com que o amor brote e floresça. O amor verdadeiro atrai as pessoas porque todo mundo precisa muito de amor. Mas veja: isso nada tem a ver com tática para encher templos.

A prática da bondade, além de existir como um exercício espiritual, pode e deve ser feita também como ato devocional. Você pode dar uma esmola como oferta ao Senhor. Mas se você olha para outro ser humano e apenas enxerga "um a mais", está enganando a si mesmo. Isso não é prática de amor nem prática devocional. É marketing. Nesse caso suas obras são de palha. 

O amor atrai, é verdade. Mas isso deve ser consequência de uma verdade interior, ou de um exercício espiritual. Não pode existir como "isca". Iscas são mentiras que existem para atrair. Cristo é a verdade. O Diabo é o pai da mentira.

Jesus disse "eu vos farei pescadores de homens". Ele opera em nós a natureza dele mesmo. Ele nos leva a sermos melhor do que somos, mas não nos orienta a fingir que somos o que não somos. "Eu vos farei" é diferente de recebermos dele uma aula de teatro. 

Está escrito: "o amor seja não fingido". O amor, como prática, deve ser uma expressão natural e desinteressada do que você tem dentro do peito ou deve ser um exercício diário para que consigamos alcançá-lo. É um fim em si mesmo, jamais uma tática

Deus não quer marketeiros, mas filhos amados, que absorvam a natureza dele. Fica a pergunta: o que te move a fazer o bem? Tuas obras são de ouro? prata? feno? pedras preciosas? palha? Só permanecerá o que resistir ao fogo. 

 "... porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento edifica ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia de Cristo a declarará porque pelo fogo será descoberta e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo, todavia como que pelo fogo" (1Cor. 3:10-15)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Persistência

A persistência está em nos mantermos no mesmo lugar quando temos certeza de que é ali que devemos estar; ainda que não entendamos o motivo ou que não tenhamos nenhum incentivo para ali permanecer. 

Somos profundamente tendentes a nos apegar a coisas, lugares, fetiches, Quando entendemos que precisamos nos manter em determinado lugar, passamos a acreditar que a bênção de Deus está no local em si. Não está. A bênção está na obediência. A bênção é persistir.  Deus não habita em coisas nem em templos feitos por mãos. 

Em João 5:7 vemos a história daquele homem que ficou anos e anos na beira de um tanque, o qual tinha a fama de milagroso, esperando que alguém o carregasse e o mergulhasse. Ele era persistente, queria ser curado, mas a bênção estava demorando demais!  Penso que essa história, que de fato aconteceu, também funciona como metáfora. A bênção está em manter-se firme, seja onde for. Foi a longa e paciente espera que atraiu Jesus até lá.

" — Senhor, eu não tenho ninguém para me pôr no tanque quando a água se mexe. Cada vez que eu tento entrar, outro doente entra antes de mim..."

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Vinho velho

"E ninguém quer vinho novo depois de beber vinho velho, pois diz: "o vinho velho é melhor". 
Lc 5:39

Somos irremediavelmente marcados pelas lembranças do passado. Elas nos moldam. O primeiro amor, o primeiro emprego, a primeira viagem sozinhos. Isso se aplica, claro, às experiências relacionadas à nossa espiritualidade. Quando somos marcados pelo "bom e velho Evangelho"  nenhuma novidade nos parece atraente.

Hoje não tenho sentindo falta nenhuma de novas "sacadas" dentro da Bíblia.   Tudo o que meu coração pede é que as velhas verdades, robustas e imutáveis,  continuem chegando a mim e jamais deixem de me parecer doces e cativantes.   Quero poder continuar ouvindo a mesma história que ouvi de meus pais quando eu era criança; a nesma história que mudou a perspectiva de vida do meu pai e que foi o consolo e esperança de toda a vida da minha mãe.

Aparentes novidades podem ser muito bem aceitas pelos mais jovens. Desisto de lutar contra elas.. Afinal está dito que o vinho novo se dá muito bem em odres novos. Mas já entendi que sou um odre velho. Não devo me forçar a suportar coisas que minha natureza não digere mais.  Nem me forçarei a ter uma elasticidade que meu corpo não suporta. Sou um odre velho,  estou feliz assim. Há lugar no Reino também para pessoas como eu.

Depois de provar o vinho velho, não tentem conquistar meu paladar  com o vinho novo. É inútil! Porque  vou sempre achar que o velho é muito melhor.

sábado, 2 de agosto de 2014

Inteireza

"Amazias fez o que é agradável a Deus, o Senhor, porém não foi tão correto como o seu antepassado, o rei Davi; pelo contrário, fez aquilo que o seu pai Joás havia feito. Ele não derrubou os lugares pagãos de adoração, e o povo continuou a oferecer sacrifícios e a queimar incenso nesses lugares". (2 Reis 14:3-4)

Semelhantemente a outros reis, Amazias foi fiel a Deus e isso ficou registrado como memorial. Mas como muitos outros reis também,  ele não foi até as últimas consequências em sua determinação de servir a Deus.

Amazias foi fiel na sua particularidade de vida, dentro do seu coração, na sua intimidade. Isso é muito bom e tem valor diante de Deus. Mas como seus antepassados, não fez nada para evitar que o povo pecasse. Preferiu não interferir, não  influenciar. Não advertiu o povo a respeito do risco de viver longe de Deus, de optar pela infidelidade. Sendo rei, e tendo autoridade como líder, Amazias nada fez para dificultar a prática da idolatria. Não usou da sua autoridade para exercer uma influência benéfica. Levou sua vida de fidelidade aparentemente solitária, sem se importar com os demais. 

A isso chamamos, atualmente, de INDIVIDUALISMO.  E essa atitude é mencionada na Bíblia como FALTA DE INTEIREZA. 

A dificuldade em se ver como parte de um povo, parte de uma nação, como um grupo ou como igreja. O esquecimento de que nossos destino é comum, e o mal que sobrevier ao nosso povo será também sofrido por nós.  Não vivemos em uma bolha.  

A insistência em viver um vida cristã eremita onde ninguém se importa com ninguém, apenas com sua própria espiritualidade, aponta para um coração compartimentado, onde nem tudo foi entregue no altar. Porque uma parte de nós é a nossa particularidade, mas outra parte de nós é o todo, é o sentimento de pertencimento. Se minha disposição ou percepção para ser "todo" está atrofiada, não estou servindo ao Senhor com inteireza.

Penso que se o individualismo fosse plano de Deus para nós, a Biblia não insistiria tanto na ideia de rebanho, de grupo, de "povo de Deus", nação santa. Não usaria figuras plurais. 

É verdade que Jesus buscava vez por outra a solitude, a calma do deserto e dos montes para orar e estar diante do Pai. Mas ele vivia em grupo, profundamente envolvido com as pessoas. Isso porque Jesus era inteiro para Deus. Tanto servia a Deus na sua individualidade quanto em sua sociabilidade.

Que reflitamos sobre isso e levemos a sério a nossa INTEIREZA.