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sábado, 23 de junho de 2018

Desigualdade


Penso que quem estiver lendo este texto também já deva conhecer a história de Jacó e estar inteirado do fato de que ele trabalhou muito tempo para seu sogro e tio Labão.  Foi uma parceria que durou alguns anos. Observando os registros de Gênesis pude perceber uma coisa que considerei interessante: 

Labão, tio de Jacó, jamais se angustiou por não ser rico. Ele não era pobre, vivia bem, mas não era rico. Por alguns anos Jacó foi morar Labão e passou a trabalhar para ele em troca de receber Raquel como esposa.  Tudo corria muito bem. Através do trabalho de Jacó, Labão prosperou muito.  Mas tudo mudou quando  Jacó, já com a mulher que queria,  resolveu cuidar da própria vida e trabalhar para a própria família.   Não querendo perder "a galinha dos ovos de ouro", Labão propôs uma parceria. A história apesar de interessante é longa, então vou supor que você já a conhece. Não vou repeti-la. 

Labão prosperou com o novo negócio mas Jacó começou a se tornar mais rico do que Labão. Vendo isso Labão mudou os termos do acordo várias vezes, a seu bel prazer, com a intenção de se beneficiar e prejudicar Jacó, mas não adiantava: Jacó aceitava os termos impostos por Labão mas as coisas davam mais certo para Jacó do que para ele, de forma que ele ficava cada vez mais rico do que o sogro. Foi a partir daí que a felicidade e a satisfação de Labão terminaram. 
Para Labão já não importava mais o quanto ele mesmo havia prosperado COM A AJUDA DE JACÓ. Labão progredira, mas o que isso lhe importava? Jacó era mais rico e isso não lhe parecia justo. Por quê? Porque ele era INVEJOSO.
Jacó tinha o dom de fazer a riqueza crescer. Labão não tinha esse dom mas se beneficiava com o dom de Jacó, só que não conseguia enxergar  ou se alegrar com esse benefício.
Interessante é notarmos, no capítulo 31 de Gênesis, Jacó argumentando que todo e qualquer prejuízo, caso fortuito ou coisa maior, tudo era descontado de Jacó. A parte de Labão sempre era paga intacta. Todos os riscos, ônus, despesas e prejuízos "do negocio" eram suportados apenas por Jacó.  Se chovesse demais ou de menos, se um lobo comesse uma ovelha, se elas ficassem doentes, não importava o que acontecesse: Labão recebia o combinado sem descontos. Os riscos do negócio eram todos da responsabilidade de Jacó. Mesmo assim Labão se sentia injustiçado, ressentido, e repetia que "tudo é meu! As mulheres, os filhos, os bens! Você é um usurpador!"

A INVEJA faz as pessoas esqueceram tudo o que tem de bom para só olharem para a "situação injusta" de alguém ter mais do que elas.   Ao invés de, estando insatisfeita, procurarem aprender com os mais talentosos e seguir o mesmo caminho que eles para quem sabe tentarem a mesma sorte, ficam paralisados reclamando e com pena de si mesmos. A inveja paralisa.  Reduz a pessoa à posição de mero espectador, passivo e amargurado. 

A pessoa consegue um novo emprego, progride, passa a sustentar a família com mais tranquilidade... Mas nada disso o alegra simplesmente porque o patrão tem mais do que ele. Ele deseja que o patrão tenha prejuízo e quem sabe entre em falência, ainda que com isso ele afunde junto. 

Para o invejoso  o sucesso alheio incomoda muito mais do que o próprio fracasso. A pobreza própria dói muito menos do que a riqueza dos outros. Ele prefere a igualdade na pobreza do que qualquer melhora que implique em alguém possa melhorar mais do que ele.

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