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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Não temos todos os detalhes


2 Reis 23:29

"Durante o seu reinado, o faraó Neco, rei do Egito, avançou até o rio Eufrates ao encontro do rei da Assíria. O rei Josias marchou para combatê-lo, mas o faraó Neco o enfrentou e o matou em Megido."

Para quem leu a história do rei Josias é complicado entender a sua morte. A Bíblia diz que nenhum rei se converteu ao Senhor com tanta sinceridade e devoção e depois dele nenhum outro rei tão justo se levantou. Então um dia Josias resolveu sair à guerra e logo no primeiro confronto foi morto. Por que Deus não o protegeu?

Essa narrativa, encontrada no segundo livro dos Reis, está bem resumida. Mas podemos ver o registro do mesmo episódio de forma mais completa no segundo livro das Crônicas (cap. 35 a partir do verso 20).

Josias estava vivendo dias de paz. Certo dia ficou sabendo que haveria uma guerra entre o Egito e a Assíria e desejou fazer parte do confronto. Por quê?

Havia profecias antigas nas quais o Senhor anunciava castigos para essas nações que haviam oprimido Israel em outras ocasiões. Josias queria ver logo a palavra do Senhor se cumprir. Ele desejou participar da guerra para apressar as coisas, para "ajudar Deus a castigar aquelas nações". Ele não quis aguardar o momento de Deus nem o método de Deus. Por esse motivo Josias se empolgou e quis participar da guerra e a vontade era tanta que ele nem consultou o Senhor. Ele não queria perder a oportunidade de se vingar de antigos inimigos e se preparou para lutar contra Faraó. Josias achou que seria muito fácil pois a Assíria também estava contra o Egito. Seria dois contra um, então a vitória parecia certa.

Faraó Neco, rei do Egito, ficou sabendo da intensão de Josias. Inspirado por Deus , Faraó enviou a Josias uma mensagem de advertência:

"Não interfiras nisso, ó rei de Judá. Dessa vez não estou atacando a ti, mas a outro reino com o qual estou em guerra. Deus me disse que me apressasse; por isso para de te opores a Deus, que está comigo; caso contrário ele te destruirá."

Notemos que Faraó não tinha motivo nenhum para se importar com a integridade física de Josias. Isso veio de Deus! E esse fato por si só deveria "acender um sinal vermelho" no rei de Judá, mas isso não aconteceu. Se Josias não acreditava que Deus poderia lhe falar através de Faraó, ele poderia pelo menos tentar confirmar aquela palavra com algum profeta do Senhor, mas não fez nem isso.

Davi e outros reis costumavam consultar o Senhor antes de entrar em qualquer guerra. Josias estava se sentindo tão aprovado por Deus que nem se deu ao trabalho de consultar o Senhor. Por quê? Um outro motivo para isso deve ter sido que anteriormente o Senhor havia dito a Josias que contemplara a sua conversão e atitudes de arrependimento, portanto iria abençoá-lo. O castigo contra Judá já estava determinado mas por amor a Josias a catástrofe seria adiada. Josias viveria em paz por todos os anos de seu reinado. Morreria em paz e não veria tudo de ruim que iria acontecer à nação depois dele. Isso também o fez se sentir precipitadamente confiante.

Há um grande perigo na mentalidade ufanista de pensarmos que somos especiais, pré-aprovados e que em tudo o que fizermos teremos a bênção do Senhor. Não é bem assim! Às vezes Deus nos dá sinais para evitarmos determinado caminho e se teimarmos ele não nos livrará das consequências. Possivelmente aquela palavra tenha dado a Josias coragem para se enfiar naquela guerra desnecessária pois achava que estava sob a bênção incondicional de Deus.

Em sua infinita paciência Deus usou o próprio Faraó para advertir-lo (Não interfiras nisso!"... Deus pode te destruir") mas o rei de Judá preferiu fazer a sua própria vontade.

Muitas lições podem ser tiradas desse episódio. As mais obvias nos falam de submissão, humildade, dependência da orientação de Deus, domínio sobre o desejo de fazer justiça com as próprias mãos, fé para crer e aguardar a justiça de Deus. Mas há ainda outra lição a ser aprendida.

Numerosas vezes lemos na Bíblia narrativas que não conseguimos assimilar muito bem. Há episódios onde parece que Deus foi excessivamente severo ou até mesmo injusto com algum personagem. Quantas vezes evitamos julgar homens mas acabamos julgando Deus!

Por que não devemos julgar homens? Porque não conhecemos todos os pormenores das suas vidas nem cada detalhe das suas motivações. E quanto a Deus? Não devemos "julgá-lo" pelo mesmo motivo. O que sabemos sobre a história e costumes das nações, cultura, crenças e práticas? O que sabemos sobre a vida dos outros? O que sabemos sobre o tempo de Deus, os pensamentos de Deus e a sua forma de fazer justiça?

Se sempre soubéssemos o que Deus sabe certamente daríamos razão a ele todas as vezes mas é impossível termos esses conhecimentos. Nossa concordância com os atos de Deus não devem depender apenas do conhecimento pleno de todos os fatos. Isso jamais teremos nessa vida. Nossa concordância com os atos soberanos de Deus devem ser motivadas PELA FÉ. Fé na sua justiça e na sua bondade. O raciocínio deve ser "Sei que Deus é justo e que ele é amor. Se ele está agindo assim, então isso é o certo. Ele sabe o que faz. Eu confio."

Se eu SEI que ele é justo então eu concordo com todos os seus atos mesmo sem ter acesso aos detalhes da história. Esse é o desafio. Sem fé é impossível agradar a Deus.

Dessa vez o Senhor quis mostrar, no livro das Crônicas, a mesma história contada no livro dos Reis, só que com mais detalhes. Ao ler a história mais completa acabamos dando o braço a torcer e concordando com Deus. O Senhor não foi injusto com Josias, o qual foi carinhosamente advertido a não entrar naquela guerra.

Tendo acesso aos detalhes, a nossa visão muda. Confrontando Reis com Crônicas podemos ver as razões de Deus. Só que nem sempre isso vai acontecer. Raramente teremos os detalhes da história. E sempre que acharmos um texto "meio esquisito" devemos nos lembrar desse episódio e ter em mente que muitas partes relevantes dos relatos não estão ao nosso alcance.

Você pode concordar com Deus pela fé? Ou sua "fé" não funciona se não houver explicações?

domingo, 1 de setembro de 2024

A missão de Cristo

O que é mais fácil de fazer: construir ou destruir?  O que é mais desgastante para o inimigo: que impedíssemos completamente a sua ação ou que o deixemos agir para logo em seguida desfazer tudo?  

Por quê Deus deixa o Diabo agir no mundo?

Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.  I João 3:8

Por quê Deus não impede todas as ações do Diabo? O Senhor não tem poder para isso? Tem sim. Mas isso não tem a ver com a liberdade do diabo agir. Tem a ver com a liberdade dos seres humanos. Deus não impede  o diabo de agir porque isso interferiria na liberdade do ser humano escolher entre o bem e o mal.  

Se o ser humano se afasta de Deus e "dá legalidade" ao Diabo, então ele age porque "Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens."  Salmo 115:16.  O Senhor entregou este planeta para ser gerenciado pelos humanos. A regra é essa:  Deus interfere quando clamamos por ele. O diabo interfere se deixarmos, se fizermos pacto com ele, se obedecermos as suas sugestões e voltarmos as costas à lei de Deus. Então Deus não vai impedir a maldade no mundo em respeito à nossa liberdade.  Sim, ele deixa o diabo agir mas só até certo ponto. A Igreja do Senhor é a força de oposição.

Não deveríamos nos assombrar tanto com as obras do diabo. Ele é apenas um excelente marqueteiro e sabe fazer propaganda de si mesmo.  Não deveríamos acreditar com tanta facilidade em propagandas. O que Deu faz é muito maior.  

O diabo não tem a chave do compartimento do nosso espírito. Ele instiga o corpo, perturba a alma mas a nossa essência mais profunda, aquela que clama por Deus e o busca em silêncio, a isso ele não tem acesso. E esse "lugar espiritual" é o fundamento de todo o nosso ser e de tudo que é construído.  Não importa o tamanho da confusão erguida no edifício da nossa vida; o fundamento está no espírito e basta Deus tocar em nosso espírito que tudo o que for podre desmorona para que o Senhor construa de novo. É como se o diabo sempre estivesse construindo sobre a areia. Qualquer vento do Espírito derruba tudo.

Só Deus tem acesso ao compartimento do nosso espírito. Basta um toque no Senhor no seu espírito para que todo esse castelo de cartas, construídos pelo diabo ao longo de anos, caia!  Basta um olhar de Cristo, um toque, um sopro.

Nós vemos o que os bandidos fazem e nos afligimos mas nem sempre percebemos o que o Espírito de Deus está fazendo nos corações de muitos deles. Muitos estão sendo salvos. Muitos tem sede de Deus e em seu interior clamam por ele.  Isso a gente não vê, mas acontece todo dia e toda hora. Deus desfaz o que o diabo faz e transforma a maldição em bênção. Na conversão de um assassino mil pessoas podem alcançar a salvação. 

Então a missão da igreja  é ESPIRITUAL, principalmente. Não importa o que o diabo diga, Deus desdiz. Não importa o que o diabo prega: Deus desprega. Não nos impressionemos com arranha-céus que podem vir ao chão com um simples sopro do Todo Poderoso. A Palavra diz que o "grande" Anticristo será destruído com um sopro da boca do Senhor Jesus.

Assim como a desobediência dos infiéis tem "poder de dar liberdade" ao diabo,  as orações dos justos trazem a mão de Deus para agir na Terra. Deus determinou que quer agir através da sua Igreja, em parceria. Nossa oração desfaz o que a desobediência faz.

Satanás não consegue entender os planos de Deus. Nos primeiros séculos do cristianismo os servos de Deus foram duramente perseguidos. 11 dos 12 discípulos fora martirizados. Muitos dos seus contemporâneos, filhos e netos foram decapitados, queimados e devorados por feras. Era o diabo agindo para pôr fim à pregação do evangelho. E no que isso resultou?  Resultou em que o sangue dos mártires foi como que o atestado de veracidade do testemunho que eles deram  porque ninguém morre pra sustentar uma mentira inútil. Eles morreram porque não conseguiram negar aquele verdade irresistível que iluminou toda a vida deles e deu sentido a tudo.  O martírio PROVOU A SINCERIDADE deles e a autenticidade do que alegavam. O que era para ser ruína serviu de autenticação - e o Evangelho prosperou e se espalhou pelo mundo.

Nenhum discípulo enriqueceu ou obteve regalias com a pregação do evangelho. Pelo contrário. Então qual a necessidade de sustentar até a morte uma mentira que não lhes traria nenhuma vantagem?

Devemos ter olhos para ver que Deus tem poder para desfazer as obras do diabo e tem feito isso com maestria através dos tempos. 

Lembro agora daquela conversa dos discípulos com Jesus: "Olha, Senhor! Veja que construção magnífica! Que templo bonito! Que pedras enormes e bem talhadas! Que muros poderosos!"   Jesus olhou e apenas disse: "é verdade... mas fiquem sabendo que não restará pedra sobre pedra de tudo isso aí que vocês estão vendo.  Tudo virá ao chão. Apenas aguardem".

Nesse episódio os discípulos estavam se referindo ao belíssimo templo de Jerusalém mas aqui eu pego emprestado essa passagem para ilustrar a presente reflexão:   não se maravilhe com os grandes edifícios de maldade, desonestidade, escravidão, vício, idolatria e mentiras que o Diabo construiu no mundo. Está vendo tudo isso? É frágil. NÃO FICARÁ PEDRA SOBRE PEDRA QUE NÃO SEJA DERRUBADA. No tempo certo acontecerá. Aleluia!