Não me convenci da existência de Deus depois de ter sido convencida por uma teoria envolvente e irretorquível. Não resolvi acreditar
em Deus por ter concluído que essa era a única forma de se explicar os mistérios da
vida. A crença em Deus não veio para calar minhas interrogações a respeito da natureza ou para me acalmar com relação ao medo da morte. Não me tornei crente porque um dia me pus a
pensar sobre a criação do universo e não tendo à mão uma teoria satisfatória,
lancei mão da fé em Deus para não precisar me preocupar mais com o assunto. Não resolvi crer em Deus por achar que a vida é justa e que tudo faz
sentido. Não faz, pelo menos pra
mim. Creio em Deus por um único motivo: eu o
percebo e não consigo ser indiferente a isso.
Estou certa de que os seres
humanos têm “um sexto
sentido” através do qual essas certezas fazem todo sentido.
Acreditar no amor
e na providência de Deus pode ser uma questão de fé, mas acreditar na
existência de Deus, não. Não é um caso de
fé, mas de percepção. É como no daltonismo: ou você percebe ou você não percebe
determinada cor. Eu não acredito que exista a cor verde: eu a percebo – embora saiba
que muitas outras pessoas não a enxergam. Isso não tem nada a ver com caráter. Tenho
certeza de que existe um monte de gente melhor do que eu que não percebe o
verde e um monte de outras pessoas também melhores do que eu que não percebem Deus. Não se mede os seres humanos pela eficiência
dos seus sentidos. Ninguém é melhor do que ninguém só porque tem um paladar mais
apurado para diferenciar vinhos.
É assim, simplesmente assim, que entendo essa questão.
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