Esses dias li na internet que o sedentarismo mata mais do que a obesidade. Podemos aí, através dessa necessidade do nosso corpo, ver um interessante paralelo com nossas necessidades espirituais. É uma triste verdade constatar que a maioria das pessoas que naufraga na fé afundou simplesmente por falta de exercícios. Nossas forças e vigor físicos só nos são dados gratuitamente no nosso nascimento. Com o passar do tempo vão-se esvaindo a forças e a disposição se não forem exercitadas.
Assim como o sedentarismo físico, o sedentarismo espiritual também dá origem a várias outras doenças: sentimento de solidão, de medo, falta de perspectiva, de desamor, frieza espiritual, falta de alegria, dúvidas desnecessárias, falta de objetivos, ânimo dobre, etc.
Quais exercícios seriam indicados para crescermos, progredirmos na fé e nos livrarmos dessas doenças?
- A prática da caridade,
- O amor sendo vivido como prática, como "imitação do amor" até que em amor se transforme. Sim, amor a gente também faz.
- A pática devocional (oração, leitura bíblica, louvor) ainda que não se tenha vontade alguma de fazê-lo;
- Contato com os irmãos, comunhão, congregação - ainda que não se tenha vontade de fazê-lo.
É um grande erro, um erro maligno, ensinar aos outros ou repetir para si mesmo que devemos fazer essas coisas só "quando estamos sentindo no coração". Dizem "o que adianta ir às reuniões de oração sem vontade?" Devolvo uma pergunta como resposta: de que adianta mandar ao médico uma criança que não está com vontade de se tratar? De que adianta mandar o menino para a escola se ele não está com vontade de estudar? De que adianta ir para a academia se não estou com vontade de me exercitar?
O que seria de VOCÊ se sua mãe lhe acordasse para ir à aula apenas quando você sentisse vontade de ir?
As pessoas que só fazem exercícios quando estão com vontade são justamente aquelas que nunca o fazem. São pessoas sem disposição, sem fôlego, com músculos atrofiados, capazes de sofrer uma distensão quando fazem um movimento diferente ou de infartarem se se arriscarem a dar um pique de cem metros.
Ninguém sente vontade de fazer exercícios a menos que já tenha criado antes o costume de fazê-los. Depois de um tempo de disciplina, só aí o prazer aparece.
"... Mas, para os que creem, seja um exemplo na maneira de falar, na maneira de agir, no amor, na fé e na pureza." (1 Timóteo 4:12)
Ser um exemplo na maneira de falar e agir não é uma coisa tão natural e espontânea assim. Requer também treinamento, disciplina, auto controle, auto crítica.
O fato é que temos esperado passivamente que o Espírito faça a toda obra e nos molde à imagem e semelhança de Cristo como se isso resultasse de uma mágica. Queremos coisas instantâneas, que não nos deem trabalho algum. Somos a geração do miojo. Frequentemente esquecemos o peso da nossa participação em todo esse processo. Assim como não temos o poder de bancar sozinhos nosso crescimento, também não podemos esperar que Deus faça tudo sem nossa participação. A Palavra diz que somos lavoura de Deus, edifício de Deus e cooperadores de Deus. Cooperar é co-operar, operar em conjunto.
"Não se descuide do dom que você tem, que Deus lhe deu quando os profetas da Igreja falaram, e o grupo de presbíteros pôs as mãos sobre a sua cabeça para dedicá-lo ao serviço do Senhor." (1 Timóteo 4:14)
Esse verso também menciona uma situação de vigilância ativa, e não de um esperar passivo. Não se descuidar do dom é alimentá-lo, praticá-lo, se importar com ele. Abandonemos então toda a passividade disfarçada de "fé".
"Pratique essas coisas e se dedique a elas a fim de que o seu progresso seja visto por todos. Cuide de você mesmo e tenha cuidado com o que ensina. Continue fazendo isso, pois assim você salvará tanto você mesmo como os que o escutam." (1 Timóteo 4:15-16)
Muito bom seu post, Cristina. Me deparei com essa questão (quais seriam esses exercícios espirituais de que Paulo aconselhou Timóteo) em meu devocional hoje e seu post me ajudou a começar a entender isso! Deus a abençoe!!
ResponderExcluir